Atualmente, diversas pesquisas e programas de intervenção anti-bullying vêm se desenvolvendo na Europa e na América do Norte. Recentemente um projeto internacional europeu, intitulado “Training and Mobility of Research (TMR) Network Project : Nature and Prevention of Bullying”, mantido pela Comissão Européia, teve a sua conclusão em 2001. Este projeto, que englobava Campanhas do Reino Unido, Portugal, Itália, Alemanha, Grécia e Espanha, teve os seguintes objetivos:
- Diagnosticar as causas e naturezas do BULLYING e da exclusão social nas escolas; § verificar as causas desses problemas em diferentes sociedades e culturas;§ verificar as conseqüências em longo prazo, até a vida adulta;§ avaliar os programas de intervenção prósperos; § identificar modos de prevenção desses problemas, por meio da integração de diferentes metodologias de estudo.
Alguns aspectos observados nestes Programas foram:
a) A maior parte dos alunos entrevistados diz nunca ter sofrido situações de BULLYING na escola;
b) A maioria dos agressores encontra-se na própria sala das vítimas, principalmente nas séries iniciais;
c) Os meninos tendem a ser agredidos principalmente por meninos, enquanto que as meninas por ambos os sexos. Os meninos também admitem agredir mais do que as meninas; d) As agressões ocorrem principalmente durante os recreios e na sala de aula; e) A metade dos alunos entrevistados espera que o professor intervenha nas situações de agressão na sala de aula.f)
Entre os alunos que se dizem agredidos, 50% admitem que não informam o ocorrido nem aos professores e nem a seus responsáveis.
Diversas discussões com os representantes das escolas participantes no programa foram desenvolvidas para obtenção de alguns princípios básicos na política de intervenção. Dentre as ações implementadas deve ser destacado o envolvimento de professores, pais, autoridades educacionais e alunos, buscando definir com clareza o fenômeno do BULLYING, e estabelecer as diretrizes necessárias para o desenvolvimento de estratégias que possam ser executadas por todos.
O objetivo principal era o de sensibilizar toda a comunidade escolar para apoiar os alunos alvos de BULLYING, fazendo com que se sentissem seguros para falar sobre a violência que vinham sofrendo.
O Programa entendia as escolas como sistemas dinâmicos e complexos e que não poderiam ser tratadas de maneira uniforme, pois a realidade de cada uma delas é baseada nas experiências de seus alunos, de seus professores e da comunidade. Conseqüentemente, as estratégias e ações aplicadas deveriam ser definidas individualmente.
Estabeleceu-se que, em cada unidade de ensino, seria criado um Conselho, formado por representantes da comunidade escolar, capaz de definir e priorizar as ações, de acordo com os contextos sociais e políticos locais, buscando-se, assim, as soluções mais factíveis para a resolução dos problemas relacionados ao BULLYING.
Dois aspectos de grande relevância, identificados em todos esses Programas, mereceram destaque: o número expressivo de crianças envolvidas em práticas agressivas, seja como alvos, autores ou testemunhas, e a constatação de que o número de alvos é sempre superior ao número de autores.
A partir desses trabalhos, vários estudos foram realizados com a finalidade de verificar o fenômeno sob diversos aspectos. Hoje é reconhecido que o BULLYING, como fenômeno social, pode surgir em diversos contextos, como parte de problemas de relações pessoais entre adultos, jovens e crianças em diferentes locais, como: trabalho (workplace BULLYING), prisões, asilos de idosos, ambiente familiar, clubes e playgrounds, entre outros.
No Brasil, como reflexo dos trabalhos europeus, encontramos alguns estudos sobre BULLYING no ambiente escolar, realizadas recentemente:
a) O trabalho realizado pela Prof.ª Marta Canfield e colaboradores (1997), em que as autoras procuraram observar os comportamentos agressivos apresentados pelas crianças em quatro escolas de ensino público em Santa Maria (RS), usando uma forma adaptada pela própria equipe do questionário de Dan Olweus (1989);
b) As pesquisas realizadas pelos Profs. Israel Figueira e Carlos Neto, em 2000/2001, para diagnosticar o BULLYING em duas Escolas Municipais do Rio de Janeiro, usando uma forma adaptada do modelo de questionário do TMR;
c) As pesquisas realizadas pela Profa. Cleodelice Aparecida Zonato Fante, em 2002, em escolas municipais do interior paulista, visando ao combate e à redução de comportamentos agressivos.
Indicadores de estar sendo alvo de Bullying
Demonstrar falta de vontade de ir à escola.
Sentir-se mal perto da hora de sair de casa.
Pedir para trocar de escola.
Revelar medo de ir ou voltar da escola.
Pedir sempre para ser levado à escola.
Mudar freqüentemente o trajeto entre a casa e a escola.
Apresentar baixo rendimento escolar.
Voltar da escola, repetidamente, com roupas ou livros rasgados.
Chegar muitas vezes em casa com machucados inexplicáveis.
Tornar-se uma pessoa fechada, arredia.
Parecer angustiado, ansioso, deprimido.
Apresentar manifestações de baixa auto-estima.
Ter pesadelos freqüentes, chegando a gritar "socorro" ou "me deixa" durante o sono.
"Perder", repetidas vezes, seus pertences, seu dinheiro.
Pedir sempre mais dinheiro ou começar a tirar dinheiro da família.
Evitar falar sobre o que está acontecendo, ou dar desculpas pouco convincentes para tudo.
Tentar ou cometer suicídio.
Se seu filho (filha), apresenta alguns dos sinais descritos acima, pode ser que ele (ela) esteja sendo alvo de Bullying. Tente conversar com ele sobre o assunto e, caso ele confirme sua suspeita, procure o professor e/ou a direção da escola para ajudarem a solucionar o problema.Não exija dele o que ele não se sinta capaz de realizar!Não o culpe pelo que está acontecendo!Elogie sua atitude de relatar o que o está atormentando!
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